O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, maio 14, 2002


Como pràticamente ninguém le o meu Blog, um ilustre desconhecido em Portugal, e no resto do mundo de língua portuguesa...ah, ah, ah, (é assim que se ri por escrito?) pouco ou nada embora no Brasil (bem) hajam algumas almas interessadas nestes dizeres complicados da minha própria alma desajustada das realidades de consumo e interesses generalistas, tanta faz que escreva duas linhas um parágrafo ou mil e tal palavras por isso aí vai um artigo extenso e pesado! AH! AH! AH! (confesso que não sei rir na Internet!)
Sim eu bato sempre na mesma tecla...



A PROSTITUIÇÃO O QUE É ?

“Actualmente a exploração comercial da sexualidade feminina, oferece uma ideia superficial, desvinculada do afecto, sustentada em modelos descartáveis, consumistas, estereotipados e preconceituosos, com a imposição da estética e como prerrogativa exclusiva da juventude.
Mas, a quem interessa a permanência desta concordância colectiva? Quem se beneficia de tudo isto? Há interesses económicos na questão? Certamente que sim, e em prejuízo da saúde psíquica de muitas mulheres, divididas em categorias: as que dão lucro, as santas e as outras... Assim, conflituada entre opiniões maniqueístas, onde o bem e o mal se degladiam por um espaço reconhecido, as mulheres geralmente submetem-se às regras do jogo, geridas por poderes seculares diversos.” *



Fala-se em oficializar a prostituição em Portugal tal como em países de terceiro mundo um presidente qualquer falava em mais valia da prostituição como apoio “lúdico” ao casamento, assim como um bispo português, também concorda como sendo um “bem”, a legalização dos Bordéis. Para além da bestialidade do mesmo princípio, em que ao longo dos séculos e das revoluções nunca se considerou em termos sociais e psicológicos, não concordo que seja uma solução para as mulheres que se vêm obrigadas a vender o corpo por misérias várias, a legalização da prostituição a título de se lhes dar “protecção”. Importante era antes Uma Campanha Mundial que fizesse desencadear uma NOVA CONSCIÊNCIA desse estado de coisas e promover uma mudança nunca antes feita na forma de encarar o problema, uma “revolução” feita por mulheres a exigir condições e nível de vida para as mulheres sem as confinar ao casamento ou à prostituição. Devia existir “Um Instituto de Defesa da Integridade da Mulher”. Defender só “os direitos do homen” é pouco uma vez que as mulheres por pressuposto sempre ficaram prisioneiras dessa herança. Precisamos de uma revolução sexual-cultural nunca feita, não em defesa de uma liberdade sexual qualquer ou cultura, mas em defesa da integridade e dignidade da mulher, de todas as mulheres e acabar com este monstro que nos afecta há milhares de anos. O grande problema é que não há mulheres que se revoltem por haver prostitutas neste mundo porque elas são as suas piores inimigas na luta da conquista e domínio do macho e aceitam essa sua divisão em duas partes...! Não há mulheres para quem o facto de haver outra mulheres sujeitas às maiores infâmias as comovam ou sejam solidárias justamente porque os conceitos de bem e mal estão tão enraizados que elas próprias se odeiam umas outras na disputam dos homens. Seguem os pais os maridos e os padres! Esta SUJEICÇÃO é secular e mantida ainda na pregação dos padres. A Igreja sustenta milhares de padres que pregam contra o “vício e o pecado” (subentendido como das mulheres...) e é certamnerte por isso que o Bispo de Viseu concorda com a legalização das “casas de putas”, mas não pensa (felizmente!) em casas de apoio “cristão” a essas mulheres porque essa divisão nasceu no seio da própria Igreja. Sim é uma “velha profissão” resultante da divisão e cisão da mulheres em duas, a santa e a puta, perpetuada pela religiões e mantidas pelos estados e governos como se fosse uma ordem natural das coisa e não é! Era aqui que era preciso intervir e dizer que a prostituição não é uma ordem natural nem é inerente à mulher, mas foi-lhe imposta por sociedades dominadores de ordem patriarcal em que a mulher sempre foi explorada e considerada inferior e é este o ponto da questão.... È aqui que a mudança tem de ser feita e para isso devia-se instituir “Casas de Suporte e Ajuda Humanitária” às mulheres, não de “reabilitação” preconceituosa, por senhoras católicas, mas de educação e apoio às mulheres numa nova consciência da integridade da mulher, e nunca casas de prostitutas, Bordéis ou Lupanares! Os estados que sustentam exércitos de párias para um fantasma bélico de guerra não sustentariam um Instituto de Educação e Suporte às mulheres sem rumo e sem consciência nenhuma do seu ser, como vítimas seculares dessa divisão bárbara que domina nas sociedades “civilizadas” sem que nunca os seres humanos se lembrassem que essa não é uma condição natural de certas mulheres infelizes, mas de mulheres vitimadas pelas famílias, a pobreza e ignorância ou mesmo a “ambição do poder” que as projectou “na má vida” ou ainda o consumismo e alienação do seu ser como um todo nas sociedades modernas! Sim, sustentar essas mulheres e dar-lhes uma alternativa que não seja serem os objectos de degradação da mulher, não lembra a ninguém! Os homens nunca se importaram com o facto de que tiravam directamente proveito e as mulheres subalternas são coniventes com a situação, mesmo intelectuais e políticas nunca se lembraram duma solução mais humana porque elas próprias não têm consciência da sua totalidade e tomam partido das “soluções” patriarcais. E se me vierem dizer que as próprias prostitutas são elas quem mais querem essa condição porque são viciosas e condenadas ou ambiciosas, à partida eu direi, por exemplo, que a revolução napolitana foi abortada em favor da monarquia pelos “lazzaris”- os mais miseráveis e degradados dos seres humanos da sociedade napolitana de 1799 sob a bandeira do cardeal Ruffo e dos Bourbons. Os mais miseráveis e degradados estão sempre do lado do poder seja ele temporal ou religioso!

Mas chegou talvez o momento de salientar e constatando que a prostituição das mulheres já não interessa tanto ao “macho” porque nasce outra prostituição: a do próprio homem... E se estes argumentos não chegarem, podemos inferir que a crescente pedofilia masculina no mundo e nomeadamente no seio da Igreja, passa por essa divisão e rebaixamento das mulheres, ao longo dos séculos e nas sociedades modernas, pela saturação da pornografia, pela profanação do corpo e dos valores essenciais da mulher que o homem que os usa e explora acaba por se enjoar e rejeitar a mulher ele próprio! Convém portanto saber quem serão os utentes desses futuros lugares de “lazer”(os “lazzaris”?) e bestialidade se já não há grandes frequentadores pois me parece que cada vez mais são os travestis quem desfrutam da procura e do interesse antes vetado às prostitutas, seja por homens casados, celibatários ou divorciados... dos mais delicados aos mais machões. Nós sabemos que os travestis ganham vantagem crescente sobre as prostitutas pois não precisam de “chulos” (continuando a ser “homens” e por isso com algumas das vantagens de machos) e que as mulheres apenas são exploradas por proxenetas que acabam eles por sua vez também preferir “homens”.
Eu acho que é tempo de acabar com esta hipocrisia. A nossa sociedade devia consciencializar-se de que “a crise económica” e global do mundo, não é nada comparada com a crescente “homossexualização”- um mundo sem mulheres - camuflada em todos os sectores da sociedade tal como na igreja estiveram os padres durante centenas de anos. Na base disto tudo está o ódio ancestral à mulher como elemento diabolizante e perverso (a que o travesti acaba por emprestar o corpo e exacerbar numa atroz caricatura de mulher...) e o medo consequente e inconsciente que domina a mentalidade masculina, a inferioridade social da mesma, a forma como é tratada a sexualidade nos meios mais baixos e não só, acrescido com o acesso à pornografia esta desenfreada ou ao sado-masoquismo por meio de filmes e com acesso fácil e constante na televisão. Eu digo e afirmo que a consequência desta segregação e divisão social e sexual da mulher e a sua inferioridade nas sociedades é a causa directa da violência sexual, da maior promiscuidade e das doenças de foro sexual que afectam todos os povos. Se houvesse inteira paridade e respeito pela diferença entre o homem e a mulher à partida, e AMOR verdadeito (aqui sim estou mesmo a ser utópica!) o mundo mudaria de face e não haverá nenhuma justiça no mundo enquanto os seres humanos, não os homens em geral, mas os homens e mulheres não desfrutarem de igual tratamento. Não poderia haver uma sociedade sem classes se havendo um ser humano inferior e outro superior e foi aí que todos os ideais falharam na prática, pois continuaram a abusar e a explorar o ser-mulher em beneficio dos seus interesses privados e sociais e guerras. Nunca na História dos homens esta questão foi equacionada do ponto de vista da integridade da Mulher! A mim espanta-me como é que nunca esta questão foi evidenciada e tratada como um problema de fundo. De tal modo ficou de parte, que nos parece utopia haver uma solução para a Prostituição senão legalizá-la...Como se fosse um mal necessário para o mundo, um cancro no seio da sociedade e da família, para fazer persistir o tabu da Igreja e do Estado. Quer no mundo ocidental que pouco evoluiu, quer no mundo oriental, continua a invadir-nos a sombra da idade média a pairar e um retrocesso assustador para as mulheres em geral, nuas na pornografia ou com Burka!

* excerto de - autor desconhecido

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