O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, abril 18, 2002

A PALAVRA SIMBÓLICA

Pela palavra é possível recriar o mundo e criar mundos; o som e visão, dirigindo-se a diferentes zonas da consciência, encontram através dela correspondência e complementaridade. Pela palavra se consegue evocar ou criar a imagem sonora, o som imagístico.Aqui imagem não se refere exclusivamente à visão física do mundo natural, já que ao homem é possível conceber a imagem abstracta ou informe, a que se pode também chamar intuiçaõ ou visão pura ou visão ideal.
Se nos é dado conceber ou exprimir mais ou para além do que pelos nossos sentidos voltados para o mundo apercebemos, é porque há outras regiões em que actua a consciência que não são essa, ou antes, em que talvez a partir dessa se possa para eles transitar. os poetas, os músicos, os iluminados ou todos aqueles dotados de faculdades visionárias, deles falam.
Ninguém desconhece que todos os ritos ou rituais estão ligados a invocações sonoras, de palavras, de sons articulados ou inarticulados, ou gestos, complemento ainda da voz, mas todos eles se incorporam num ritmo que lhes é simultaneamente impulso e via. (...)


As "Nove Incursões" de Ana Hatherly

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